segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Aprendendo com poesia

[os nomes dos bichos não são os bichos]
Arnaldo Antunes


Os nomes dos bichos não são os bichos.
Os bichos são:
macaco gato peixe cavalo vaca elefante baleia galinha.
Os nomes das cores não são as cores.
As cores são:
preto azul amarelo verde vermelho marrom.
Os nomes dos sons não são os sons.
Os sons são.
Só os bichos são bichos.
Só as cores são cores.
Só os sons são
som são
nome não
Os nomes dos bichos não são os bichos.
Os bichos são:
plástico pedra pelúcia madeira cristal porcelana papel.
Os nomes das cores não são as cores.
As cores são:
tinta cabelo cinema céu arco-íris tevê.
Os nomes dos sons.



Atividade

1. Comentário geral

O poeta traz como questão a relação entre o "nomes das coisas" (o nome dos bichos e o nome das cores) e as "coisas" (o bicho, a cor), pois a "coisa" não é o nome, mas para dizer da "coisa" se tem que recorrer ao nome da "coisa". Esta é a brincadeira do poema. No caso dos sons, eles "apenas" são, já que têm uma multiplicidade, infinidade e são, de certo modo, inapreensíveis, não cabem na "coisa".
O poeta também quebra a sintaxe quando diz "os sons são", pois o verbo "ser" exigiria um complemento. Os sons são o que são (talvez isto esteja relacionado à quebra sintática comentada acima) e estão em todas as coisas através de seus nomes, mas não estão em nenhuma delas, isto é, o nome "macaco" não está no bicho macaco.
Há também o jogo homofônico1 entre "são", "som" e "não". Outro jogo feito pelo poeta é quando diz "os bichos são:/ plástico pedra pelúcia madeira cristal porcelana papel/" como se estivesse dizendo do que são feitos.

2. Objetivo da atividade (+/- 30’)
􀀹 Mostrar as possíveis relações entre as "coisas" e o "nome das coisas".


3. Material
􀀹 Copia em xerox para cada aluno;
􀀹 Diário poético;
􀀹 Lápis de cor.


4. Procedimento do professor

1º momento
􀀹 Declamar várias vezes o poema;
􀀹 Discutir as relações entre as coisas e o nome das coisas.


2º momento
􀀹 Colar o poema no diário poético.


5. Procedimento do aluno
􀀹 Discutir coletivamente o poema
􀀹 Copiar e ilustrar o poema no diário poético.


Obs: Critícas são sempre construtivas!!!!!!!!!!!

sábado, 12 de setembro de 2009

Ensinando com poesia

LEVAVA EU UM JARRINHO

Fernando Pessoa

Levava eu um jarrinho
P´ra ir buscar vinho
Levava um tostão
P´ra comprar pão;
E levava uma fita
Para ficar bonita.
Correu atrás
De mim um rapaz:
Foi o jarro p´ra o chão,
Perdi o tostão,
Rasgou-se-me a fita...
Vejam que desdita!
Se eu não levasse um jarrinho,
Nem fosse buscar o vinho,
Nem trouxesse uma fita
P´ra ir bonita,
Nem corresse atrás
De mim um rapaz
Para ver o que eu fazia,
Nada disto acontecia.

ATIVIDADES DE LEITURA E INTERPRETAÇÃO

LEVAVA EU UM JARRINHO – FERNANDO PESSOA

1. Comentário geral

Este poema singelo está dividido em 3 estrofes.
Na 1ª estrofe temos 6 versos rimados: "a/a, b/b, c/c".
Na 2ª, com 5 versos, a organização é: a, b/b, c/c.
A última estrofe, com 8 versos: a/a, b/b, c/c, d/d.
A inocência da menina que o poema retrata fica expressa pelo jarrinho que levava e pela fita que usava.
A confusão do encontro com o rapaz (talvez ela tenha ido bonita justamente para encanta-lo), traz um certo arrependimento em sair bonita e levar o jarrinho.

2. Objetivo da atividade
* analisar a estrutura rítmica do poema.

3. Material
* poema apresentado em folha 40 kg ou na lousa;
* dicionário
* diário poético;
* lápis grafite preto.

4. Procedimento do professor

1º momento
* escrever o poema na lousa;
* ler a bibli(o)grafia do Fernando Pessoa;
* declamar várias vezes;
* discutir a estrutura do poema e seus sentidos;
* orientar os alunos em dupla a encontrar o sentido de "tostão" e "desdita";
* escrever ao lado do poema os sentidos que encontraram e que faça sentido dentro do poema.

2º momento
* solicitar a cópia no diário.

5. Procedimento do aluno
* discutir coletivamente o poema;
* copiar o poema no diário;
* usar o dicionário para descobrir o sentido de "tostão" e "desdita".