quinta-feira, 29 de abril de 2010

Teatro para o dia das mães II

Trocando de mãe
Personagens: narrador, dona Filó, Fernandinho e os bichos: coruja, gata, porca, cachorra.




Obs: Os bichos poderão ser caracterizados através de máscaras.



Ambiente: No centro deve estar a cama do Fernandinho. As outras cenas devem estar nos cantos. Os personagens podem falar os diálogos ou fazer mímicas, enquanto op narrador falar.



Introdução: (entra um avó)



Avó = De repente... não mais que de repente... tornei-me avó! E descobrir uma alegria diferente, diferente da alegria de ser mãe.



Se avó é: descontração, curtição, relevância das faltas infinita paciência e..carinho, muito carinho.



E descobrir a diferença e o prêmio de ser avó, porque: a mãe, grande educadora, imbuída da enorme responsabilidade de dar formação, de tornar os filhos cidadãos úteis, preparados para a vida - vive tensa, vigilante, esgotada de suas reservas de energia, paciência e controle.



Com isso, muitas vezes, deixa de viver a parte alegre do convívio e da descoberta, do desabrochar do filho.



E, as vezes, as tensões crescem tanto que o carinho, o abraço, o afago, ficam esquecidos.



E, de repente.. não mais que de repente... os filhos estão crescidos, saindo para o estudo, para o casamento, para a vida...



A coisa mais importante da relação mãe-filho é com toda certeza o amor.



Aos filhos que, muitas vezes gostaria que a mãe fosse diferente, pedimos que pensem que essa mãe que vocês têm também esta crescendo e, por isso mesmo, caindo e se levantando, mas, sempre animada pelo amor mais bonito do mundo: o amor de mãe!



Narrador: Estava difícil o dia a dia na casa de dona Filó! Aquele seu garoto era uma parada:



Irrequieto como um vaga-lume, teimoso como um burro de carga.



Por outro lado, dona Filó... bem dona filó era fogo! Cheia de amor pelo seu Fernandinho, disposta a fazer dele um cidadão respeitável, útil a sociedade - quem sabe, até um presidente da República! Por que não!



Dona Fila era uma mãe vigilante, cheia de normas, tanta disposição, certamente, esbarrava no jeitão de Fernandinho. E era aquele choque constante e desgastante onde o amor,- ora o amor! - o amor ficava bem lá no fundo do coração e da mente, nos momentos de trégua!



Então, na casa de dona filó era aquele constante pingue-pongue:



- Fernando, já para a cama!

- -Ai mãe, deixa eu ver essa filme!

- Menino, já tomar banho!

- Ta querendo que u vire pato.

- Com as verduras, menino! Olha as vitaminas!

- Não estou vendo nada de vitamina aqui não!

- Fernandinho sai da rua menino! Na para dentro!

- Puxa vida, não posso nem arejar um pouquinho!

Bom vai, bola vem, no fragor da batalha, certa noite, vamos encontrar nossos heróis num momento muito especial. Eu diria terno, comovente:





CENA 01:



(entra Fernando e a mãe e vão em direção da cama e se ajoelham e Fernandinho faz uma oração.)



Fernandinho - Em paz me deito para dormi, guarda-me, ó Deus em teu amor. Abençoa papai e mamãe! Amém. Benção, mãe!



D. Filó - Deus te abençoe, querido! Eu te amo!



Fernandinho - Também te amo, mãe! Te manhã!



(dona Filó cobre o filho e sae de cena dizendo as seguintes palavras para si mesma)



D. Filó - Tão querido o meu menino! Ta ficando um homenzinho!



(Fernandinho começa a murmura depois que sua mãe sae de cena.)



Fernandinho: Eu te amo, eu te amo!... Não Agüento mais! Por que minha mãe não é sempre assim! Tem hora que me dá vontade de (bocejando) trocar de mãe! Ah...se fosse possível!



(Fernando adormece e sai de mansinho da cama e começa a caminhar resmungando):



Fernandinho: Dormi cedo, ora bolar,eu gostaria que minha mãe fosse um coruja!





CENA 02:



(Fernandinho caminha em direção da árvore)

Fernandinho: Ba Noite dona Coruja, posso ser seu filho!

Coruja: UH,uh,uh! Pode sim, menino!



(então Fernando pega a mascara de coruja e usa, e enquanto o narrador fala ele vai pulando de alegria para lá e para cá.)



Narrador: Foi uma festa: Fernando balaçou-se nas árvores, pulou, brincou. Hás vezes seus olhos ficavam pesados, mas logo Mãe-coruja fazia uh, uh, uh! E ele voltava a brincar. Ao raiar do dia, Mãe-Coruja disse:



Coruja: Uh,uh,uh! Já para o ninho Fernandinho, vamos todos dormi!



Fernandinho: Dormi, eu não posso mãe coruja, preciso ir para a escola, ver meus amigos, estudar e...



Coruja: Uh,uh! Obedeça, corujinha!



(neste momento Fernandinho Lara a masca cair no chão e sai correndo para o outro lado)



Fernando: Ufa escapei por pouco! Que fria! Eu vou lá querer dormi de dia, perde o sol, meus amigos, a escola! Eu hein! O jeito é arrumar outra mãe!



Narrador: Fernando ficou pensando...e se lembrou de uma coisa que ele detestava: Tomar banho!



Fernando: Já sei, vou arrumar uma mãe que detesta tomar banho assim como eu. Vai ser super legal...



CENA 03



Fernandinho: Bom dia, dona Gata, poso ser o seu filho!



Gata: Miau, Miau, miau1 Pode sim, menino!



(Fernando pega então a mascara de gato)



Narrador: Foi uma festa! Sem sobra de chuveiro a vista, Fernandinho deitou e rolou com os gatinho e de quebra, subiu em muros e telhados. Mas lá pelas tantas, mãe-gata, disse:



Gata: Hora do banho, gatinho!



Fernandinho: banho! Mas gato não gota de água!

Gata: Mas gosta de limpeza! Deite-se ai e trate de se lamber, até ficar brilhando! Miau, miau, miau!

Narrador: Fernando saiu correndo bem depressa, imagine só banho de língua...

Fernando: (joga a máscara de gato no chão) Uhg! Eu lá tenho cuspe p´ra tudo isso! Uhg, que nojeira! Mil vezes o chuveiro..hum, o sabonete cheiroso... a toalha felpuda! Ai,ai o jeito mesmo é arrumar outra mãe!



Narrador: E Fernando ficou pensando de que jeito podia ser essa sua nova mãe!



Fernando: Hum, deixe-me pensar, uma mãe que não ligasse para as tais vitaminas.. já sei!



CENA 04



Fernandinho: Bom dia, dona Porca, posso ser seu filho!

Porca: Oinc, oinc, pode sim, menino!

(Fernando pegua então a máscara de porco.)



Narrador: Foi uma festa! Fernando entrou no chiqueiro, patinou na lama, lambuzou-se inteiro! Até que lá pelo meio-dia, mãe-Porca disse:



Porca: Hora do almoço , porquinhos!



Narrador: Legal, pensou Fernando, que estava com muita fome. Correu com os porquinhos para o cocho e quando viu a comida, a amigos quando ele viu a comida, ficou sem cor!



Porca: Oinc, oinc! Come filhinho!



Fernandinho: Uhg! Comer, eu não posso nem ver essa, huh lavagem!



Porca: Oinc, oinc, come já! Ai tem vitamina,proteína, sais minerais, ferro, cálcio...oin...oic...!



Narrador: Comer aquela lavagem, com certeza não, Fernando sai correndo e bem depressa...



Fernando: (jogando a mascara do porco no chão). Eca que horror! Ai, ai, que saudade da mesa arrumadinha, dos pratos, dos talheres e do copo limpinho! Pensando bem, até que aquelas cenouras e abobrinhas são gostosas... e o picadinho de carne... e o macarrão... hum, que fome!



É o jeito é eu arrumar outra mãe! Hum... eu gostaria de uma mãe que me desse liberdade, que me deixasse brincar na rua o tempo todo! Hum..seria bom demais...já sei!



CENA 05



Fernando: Boa tarde, dona Cachorra, posso ser seu filho!



Cachorra: Au, au, au, pode sim, menino!



(Fernando pega a máscara de Cachorro.)



Narrador: Foi uma festa, Fernando fez correrias e estripulias pela rua abaixo. Assustou as crianças que vinham da escola, rosnou para um gato que correu, para cima do telhado, mas... acabou ficando cansado, com sono. Foi quando a Mãe Cachorra disse:



Cachorra: Au, au, au, hora de dormi, meus cachorrinhos! Vamos todos para a lata de lixo dormi.



Fernando: Epa espera ai, dormi atrás de uma lata de lixo, nesse chão duro, eu não posso dormi, não durmo mesmo.



Cachorra: Pode sim seu cachorrinho vira-lata!



(faz uma voz de raiva e começa a latir para oi Fernando)



Cachorra: Au, Au vai dormi agora mesmo,au, au,au...



(Fernando então larga a mascara no chão e sae correndo gritando...e depois se enfia na cama)



Fernando: Mãe, manhê! Dona Filó!



(neste momento joga a coberta sobre a cabeça, e depois de 5 segundos de silencio começa a gritar...)



Fernando: Mãe, manhe!



(Dona Filó entra em cena ouvindo os gritos o Fernandinho, chega até a cama e começa a abraçar o filho)



Filó: Que foi filho.

Fernando: Nada não mãe, não foi nada, foi só um pesadelo!

Filó: Dorme meu filho, volte a dormi ta...

Fernando: Ta mãe! Eu te amo!

Filó: Eu também te amo,meu filho!



(A mãe sae de cena e o Fernando fica murmurando)



Fernando: Eu te amo, eu te amo, mãe, pois a senhora é a melhor mãe do mundo! Sabe de uma coisa vou orar e agradecer a papai do céu esse presente maravilhoso que e a minha mamãe.



(neste momento ele sae da cama e começa a orar. Poderá entrar algumas crianças vestidas de pijamas e dobrar os joelhos para que possam fazer uma oração, que poderá ser feita por um locutor escondido).

Teatro para o dia das mães

Cenário - Uma sala de boa aparência - mesa e carteiras - uma fotografia na mesa




Personagens - Mãe, filha de 6 anos - uma moça entre 15 e 16 anos para substituir a menina de 6 anos já crescida. Crianças - empregada e ciganas.





I PARTE



Mãe - Três meses faz que perdi o meu saudoso esposo, e grande é minha infelicidade. Não tenho alívio! Meus olhos se enchem de lágrimas todas as vezes que olho esta fotografia de nós três: Meu marido, minha filhinha e eu.

Mas o grande infortúnio que me assaltou e me tortura seja talvez atenuado com a tarefa imensa que me cabe: Educar e preparar minha filhinha para uma vida feliz, pois bem sei que a educação perfeita é capaz de prevenir males nesta vida. E uma educação perfeita só é completa, quando os princípios das Escrituras, forem a base do lar. Quero de todo coração seguir o exemplo da mãe de Timóteo, que desde a meninice lhe ensinou as sagradas letras e se isso fizer, estou certa, terei a recompensa.



Filha - (entra correndo) Mãezinha, a senhora está falando sozinha? Pensei que as crianças já estivessem ai com a senhora.



Mãe - Não benzinho, elas ainda não vieram. Vá brincar com a dorli. (a menina pega a boneca que deve estar sentada em uma cadeirinha numa sala) Quantas meninas você convidou para brincar hoje, Celinha?



Filha - São cinco, mamãe. (Batem à porta) Elas já estão ai, mamãe. (A menina sai correndo e cumprimenta as amiguinhas que vão entrando).



Mãe - Boa tarde, vocês não ficarão zangadas se for preciso brincar aqui dentro não é?



Meninas - Não senhora.



Mãe - Lá fora está um pouco frio e vocês vão brincar aqui dentro. De que vocês vão brincar.



Meninas - A canoa virou.



Mãe - Então podem começar



Meninas - (Cantam três vezes)



Justina - (A empregada entra assustada) Patroa! Dona Amélia!



Mãe - O que foi Justina?



Justina - A Dona Rute com a dona Maria mandou leva as filhinhas delas bem ligeiro.



Mãe - Porque, Justina? Elas ainda não brincaram quase nada.



Justina - Pro mor de que tem um bando de ciganos roubano crianças. Ela tem medo que as crianças vai pro má.



Mãe - Então leve, Justina! Depressa, leve-as; não quero responsabilidades.



Justina - (Saindo com as meninas) Cuidado com a Ceinha, dona Amélia.



Mãe - Não tem perigo, Justina. Leve as meninas direitinho e depressa.



Justina - (Saindo com as meninas) Cuidado com a Ceinha, D. Amélia, não deixe ela ir pra rua.



Filha - Mãezinha, eu queria brincar mais um pouquinho com as meninas.



Mãe - Não fique triste, benzinho, outro dia elas voltarão e você poderá brincar bastante com elas. Vá brincar com sua Dorly, vá...



Filha - Abraça a boneca. Ah... Minha Dorli (pega um paninho) Mãezinha, Corta um vestidinho para Dorli, corta? A Senhor corta mãezinha?



Mãe - Corto sim. (Toma o pano e finge que corta enquanto fala) Mas, você precisará tomar muito cuidado com a agulha para furar o dedinho, entendeu?



Filha - Sim mamãe.



Mãe - Celinha, você será capaz de costurar até mesmo um avental? Isso é o mais difícil que há na costura. (Entrega a fazenda cortada para a filha) Pronto, modistazinha, aqui está o vestidinho da boneca. Primeiro você ostura esta parte, depois esta outra e por fim a barra, entendeu?



Filha - Sim, mamãe, muito obrigada. (senta-se na cadeira e vai costurar)



Mãe - Celinha, mamãe vai fazer o jantar porque a Justina ainda não voltou. fique bem quietinha. Não saia da sala. Quando eu voltar quero ver o vestidinho pronto, viu costureirinha? (Beija a filha e sai)



Filha - Ah! Também já estou cansada de costurar. Vou fazer minha Dorli dormir. (Toma a boneca e canta "Dorme nenê" e dorme junto à boneca.)



Ciganas - (Zora e Norca entram devagar, pé por pé) Quanta coisa, veja! Vá pegando... Veja que beleza de menina... Vamos levá-la para nós. Psiu...

menina... menina bonitinha, venha cá! (Aos poucos a menina vai acordando)



Filha - Não! Mãe?...



Zora - Olha uma bala! (Joga e a menina pega) Venha cá, menina. olha outra... pga... pega... (joga 5 balas perto da menina. A menina se levanta e vai pegando as balas até perto da cigana, que a agarra. A menina sai gritando. Norca rouba a boneca e outras coisas que vê e sai correndo com Zora.)



Mãe - (Entra chamando a Celinha) Célia, Célia, Célia, minha filha, onde estás? (chorando) Será que... será possível que as ciganas... as ciganas... as ciganas roubaram minha filha? Célia, Célia, Célia querida! (Andando de um lado para o outro)



Justina - Mas, o que foi D. Amélia? Que aconteceu?



Mãe - (Chorando) Uma desgraça, Justina, Uma desgraça.



Justina - (Chega perto dela) Mas o que foi patroinha, me conta!



Mãe - Deixei-a na sala, mas já chamei muito e ela não me respondeu.



Justina - (Acha uma medalha no chão) Olha, patroinha, o que eu achei?



Mãe - (pega a medalha e atira no chão) Foram elas mesmo, foram elas mesmo. (Saem ambas, chorando)



Interlúdio (Fundo Musical)





Mãe - (Muito triste) Três dias se passaram. Estou cansada de tanto chorar. Minha vida parece ser um rosário de desgraça e misérias. Sinto por vezes que de mim se apodera o desespero. Tinha ainda o consolo de minha filha. Agora vivo sozinha com a dor e a tristeza. Mãos criminosas arrebataram aquela que era tudo pra mim. Que me resta senão a morte? Busco alento na palavra de Deus, e eis que me à mente incisiva repreensão: "Não sejais vagarosos no cuidado. Sede fervorosos no espírito servindo ao Senhor." Porque que me descuidei tanto, permitindo que perversos entrassem no meu lar, e levassem o que de mais precioso possuia? Se pudesse bradaria ao mundo, recomendando às mães: Jamais deixem os seus filhos ao leu. Com todo carinho zelem por eles, sempre. Tantos e tamanhos são os perigos, que o descuido de uma mãe pode ser fatal. (chora e assenta-se numa cadeira)



Justina - Dona Amélia, vá dormir, patroinha. Faz três dias e três noites que a Senhora não drome e nem come!



Mãe - Está bem, Justina, deixe-me (encosta a cabeça no sofá e chora)



Justina - A senhora há de se achá a sua fiinha, patroa.



D. Amélia - (Dorme e sonha que as meninas entram e cantam canoa virou junto com a Celinha. Dão uma volta e saem. Acorda assustada e diz chorando: Foi um sonho, foi um sonho. (sai chorando)





II PARTE



(Disco - "Violino Cigano")



Cenário - Cadeira suja, 2 caixotes, vidros/pretos, um fogareiro, etc...)



Tirza - (entra cantando) Bambu, calambu, bambuê, ribamba, xibanba, bambu (bis) Ango, calambô, etc. (Mexe no fogão, procura umas coisas, de repente encontra um vidro. Oh, o elixir das alegrias! Então Zora pensava que eu nunca havia de encontrar o tal elixir. (entra Kadija) Olha Kadija, a Zora pensava que eu nunca saberia em qual dos frascos eu poderia encontrá-lo. Ah!... Ah!... Ah!... (rí). A vida tem muitas alegrias. Olhando para os fundos diz: Kadija, lá vem Zora trazendo uma menina. Teremos muito trabalho.

Esta Zora, esta Zora tem cada uma! Só se sabew arranjar trabalho. Arruma depressa uma esteira, uma cadeira, antes que ela chegue.



Zora - (Entra com célia nos braços) - Depressa, depressa arruma uma cadeira para que eu tenha onde colocar esta menina. Ela está muito pesada. Como me doem os braços (deita a menina na esteira)



Tirza - (Olha a menina com desdém) Zora, o jantar está pronto. Vai jantar agora.



Zora - Não, não tenho fome. Estou cansada.



Kadija - (Olha a menina com carinho) pobre menina, tão bonitinha! Como tenho pena dela!



Tirza - (Zombando) Como Kadija está sentimental hoje!]



Norca - (entrando com a boneca e as outras coisas roubadas). Se você visse Kadija, essa menina morava nuyma casa tão linda!...



Zora - Até eu ciganona velha estou com sentimentalismo. Estou com muita pena desta menina.



Tirza - (Olha para a menina) Vejam, ela está acordando!



Célia - (Acorda, olha para a boneca que deve estar perto) Dorli! Onde estamos, Dorli? só você está comigo? Mãe... Mãe... (chora)



Zora - Cale essa boca menina. Casa de cigana é muito bom... Vamos, pare de chorar!



Kadija - (chegando-se perto dela) Não chore meu bem!



Tirza - É muito feio chorar na casa dos outros. Vamos lá para dentro e eu vou te ensinar a não chorar mais.



Zora - Estou muito cansada. Esta meninsa era muito pesada. Norca vá chamar tirza, porque eu preciso dar as minhas últimas ordens. (Norca sai, Tirza e Norca entram). Companheiras, vou partir para bem longe. Volto só daqui a dez luas! Tirza venha cá. Enquanto eu estiver longe você cuida, em meu lugar.

Toma conta do acampamento (ela fala com autoridade) Muita atenção! Esta menina, que trouxe, vai se chamar Tarina. Como é o nome da menina? (Dirigindo-se a todas)



Todas - (Em coro) Tarina.



Zora - Vai se chamar Tarina em homenagem à nossa última chefe que morreu. Essa menina é muito bonita. Vai ganhar muito dinheiro para nós.



Tirza - Vou ensiná esta menina Tarina, a roubá, menti, ver mão, tira sorte...



Zora - Muito bem, isso mesmo. Ensina bem essa menina. Se não ensinar bem esta menina até eu voltar, será castigada. Agora vou partir. Até eu voltar, companheiras!



Todas - (Em coro inclinando-se)



Boa sorte, senhora (zora sai)



Tirza - (muito alegre) Companheiras agora temos folga, só roubá pra comê. Vocês faz o que quisé. Cada qual cuide de sua vida. Zora só vai volta daqui a muito, muito tempo!



Todas (Contentes) Ah! Ah! Ah!... Que bom!



Norca - Já que estamos tão alegres, Tirza, vamos canta um pouco?



Tirza - Isso mesmo Norca, vamos cantar. (Cantam qualquer canção em castelhano bem atrapalhado para imitar os ciganos) Com a nossa alegria, até esquecemos de Tarina. Vamos Norca, vamos procurar Tarina, vamos ver o que ela está fazendo.



Norca - É mesmo Tirza, vamos. (ambas saem, ficando só Kadija)



Kadija - Sou uma cigana como as outras, mas não sei fezer as coisas tão bem como elas, tenho pena de roubar, tenho medo de mentir... pobre menina... Terá que se habituar a esta vida. Também fui roubada. Minha mãe... como me lembro dela, como eu a queria! Meu lar era um lar cristão e cheio de alegrias. Hei de ensinar a Tarina lindas verdades que aprendi de minha mãe. Vou guia-la nos caminhos do Senhor e vou servir-lhe de amparo. (sai)



(Fundo musical: Música cigana, bem suave)



(entra D. Amélia toda vestida de preto)



D. Amélia - (Tristemente) Aqui é o acampamento de ciganos. Mas está vazio. Ninguém! quanto tempo em busca de minha filha! Meus esforços se vão, minha esperança está perdida. (Sai, continua a música de fundo)



(No acampamento deve ter uma lâmpada coberta com papel vermelho e paus de lenha imitando o fogo)



Tarina - (Entra, não é mais uma menina, mas sim uma moça entre catorze e 15 anos. Chega-se perto do fogo, move a lenha, abana o fogo, senta-se num caixão perto e fala tristemente:) "O Senhor é o meu pastor, nada me faltará..." (pensa um pouco e diz abanando o fogo)



"Entrega o teu caminho ao Senhor, (levanta-se) confia nEle e Ele tudo fará." Que saudades tenho de minha mãezinha querida quando nos seus joelhos eu aprendia estes versinhos.



Kadija - (entrando) Tarina, tenho uma triste notícia a te dar. Zora, nossa chefe vai voltar. Espero que não esqueças as boas lições que te dei. Zora é perversa, má, exigente, foi ela que te roubou. Até aqui evitei que roubasses e mentisses. Tirza nos deu toda a liberdade. Mas agora, terá que fazer tudo o que Zora mandar. Quão bom seria se pudessemos fugir daqui.



Norca - (entrando) Kadija, passou-se o tempo e Zora vai voltar. Tirza não ensinou Tarina, vai ser castigada.



Kadija - Pobre Tirza, vai ser castigada.



Tirza - (Entrando) Companheiras. Kora vai chegar e eu não ansinei Tarina. Vou sofrer castigo. Vamos Tarina, vamos pra dentro. (Saem por uma porta e Zora entra por outra.)



Norca - Olha Kadija, Zora vem vindo.



Zora - Alô! Companheiras... (as duas: "Bem vinda, Senhora!" curvam a cabeça) Onde está Tirza? Onde está Tarina? Norca vá buscá-las.



Kadija - Tarina está grande, cresceu e está bonita. (entram Tirza e Tarina)



Zora - Tirza, você ensinou a Tarina tudo o que eu mandei? Vamos responda?! (Entra Tarina) Tarina! Oh, que menina bonita! Que cigana linda! Como cresceu! Já deve ter ganho muito dinheiro! Venha cá Tarina... Não sabe que eu sou a sua chefe? Você roubou, já mentiu?



Tarina - Não!



Zora - Não?... Tirza como é isso? Você não ensinou Tarina a roubar? Você vai ser castigada, vá pra dentro, todas vão já! (dirige-se a Tarina) Pois você vai hoje mesmo sair para ocmeçar a roubar e a mentir. Não quero gente vagabunda! Vamos!... Vamos!... (sai)



Tarina - (sozinha) Eu mentir, roubar ler mão? Eu fazer isto? Nunca, nunca! Minha mãezinha nunca me ensinou a roubar e mentir. Ainda me lembro das oranções de minha mãe, quando ela dizia assim: "Quero que a minha Célia seja sempre boazinha e obediente."Como desobedecer a minha mãezinha? Não, não farei isso, mesmo que me castigue.



Zora (entra com raiva) Ainda não foi menina? (Põe o avental) Vamos, obedeça senão será pior.



Tarina - Eu sei que a minha mãezinha está orando por mim. (Sai e o Grupo canta: "oração de minha mãe", enquanto muda cena)



III PARTE



Cenário - O mesmo da primeira parte. A casa de D. Amélia.



Mãe - Dez anos de martírio, que sobre os meus cabelos fizeram descer a brancura do inverno da velhice! Quanto sofrimento! E até hoje nada soube da minha filhinha... Talvez durma o sono impertubável da ignorada tumba!... Que sabe longe daqui viva uma existência de amarguras!... Ela está agora com 15 anos. É já uma moça feita. Que educação terá recebido daquelas ciganas? Tanto quisera dar-lhe a educação completa nos caminhos do Senhor



Voz - "Instrui o menino no caminho em que deve andar, e até depois de muitos dias e não se desviará dele."



Mãe - É na infância e na adolescência que o caráter se aperfeiçoa e eu nada pude fazer por minha filha. Somente orar, clamar, por ela! E isto eu hei de fazer enquanto existir. Mães, zelai por aqueles que Deus bondosamente vos confiou. Que nunca preciseis chorar por causa do descuido. Dedicai a vossos filhos todo carinho e atenção, velando incansavelmente pelo seu bem-estar.



Justina - Patroa, patroa, uma ciganinha linda está aí, é uma belezinha. Ela disse que está com fome qué falá com a senhora e qué um pedaço de pão.



Mãe - Ora, Justina, você sabe o sentimento que eu tenho das ciganas e ainda me fala nelas. Mande-a embora.



Justina - Mas, patroa, se a senhora visse!? Não tinha coragem, nem parece cigana



Mãe - Mande-a embora, já disse, e não quero ver essa raça em minha casa.



Justina - (saindo) Tá bem, patroa... mas se a senhora visse a ciganinha, a senhora não tinha coragem de mandá embora.



Mãe - (Sozinha) Justina é uma excelente empregada, mas não compreende bem a minha dor. Tem razão, não é mãe...



Justina - (entrando) patroa, a ciganinha tá com tanta fome. Dá inté pena.



Mãe - Então dê-lhe um pedaço de pão, mas não a deixe entrar.



Justina - (Vai buscar o pão e volta) Patroa, mas a Senhora não acha que fica feio ela comê lá fora? Pode inté falá da senhora. Posso mandá entrá, não é patroinha? Posso, não é?



Mãe - Vá lá, mas não quero vê-la.



Justina - (manda a menina entrar e entrega-lhe o pedaço de pão) Pode comê este pão, mas oie heim? Senta aqui, e não robe nada que a patroa não gosta de gente que roba, Oie, mas não robe, heim?



Tarina - Não, não, eu não roubo (Há um retrato da Célia e da Dorli em cima de um móvel. Tarina olha muito atentamente para o retrato e depois exclama) Ah!... minha Dorly neste retrato!... Ainda com o mesmo vestidinho e com as trancinhas... É ela mesmo!



Mãe - Mas que ciganinha insolente. Ainda está aqui?



Tarina - Senhora, que mal lhe fiz eu? Por que a senhora me trata assim?



Mãe - As ciganas me causaram muito mal. Roubaram a minha filha e por isso eu as trato assim.



Tarina - Mas nem todas as ciganas são más, algumas são cristãs.



Mãe - Já se viu alguma cigana cristã? Menina, se há cigana cristã, elas não podem roubar, nem mentir.



Tarina - Mas isso eu nunca farei. Se alguém quiser me dar alguma coisa para comer e algumas moedas para eu não ser castigada aceitarei, porque se eu não levar alguma moeda serei castigada severamente. Por isso eu aceitarei alguma coisa, mas roubar, nunca! Minha mãezinha era cristã, parecia-se tanto com a senhora, mas nÃo tinha cabelos brancos.



Mãe - Como... conte-me a sua história menina, estou curiosa, por saber.



Tarina - Eu fui roubada bem pequenina de minha mãezinha.



Mãe - O que você está dizendo? Você foi roubada?



Tarina - Sim, fui roubada no dia em que mamãe, cortou um vestidinho para minha boneca. E eu tenho lembrança de minha mãezinha uma boneca, igual a esta, com o mesmo vestidinho. (mostra o retrato que está na mesa)



Mãe - Escuta, menina, diga-me uma coisa. Como é que você se chama?



Tarina - Eu me chamo Tarina.



Mãe - Ah!... Tarina...



Tarina - Porque? A senhora não gostou de meu nome? É tão bonito o meu nome...



Mãe - É bonito, mas não é esse nome que eu queria. Mas... fir sempre Tarina que a sua mãe lhe chamava?



Tarina - Não... Tarina é o nome que as ciganas me derma, mas a minha mãezinha me chamava... (pensativa) me chamava de Célia e a minha boneca Dorly igual a esta.



Mãe - O que? (pasma de espanto) Você se chama Célia? E sua boneca igual a esta se chama Dorly?



Tarina - (Também assustanda) Será que a senhora é minha mãezinha?



Mãe - Deixe-me ver bem o seu rosto para ver se você é minha Célia querida.

(abraçam-se)



Tarina - Oh! Minha mãezinha querida, que eu tanto queria encontrar!



Mãe - A minha Zíngara Cristã...



Justina É ela mesmo, inté parece que tava adivinhando. Ah! Sra. Cleia!



Mãe - Graças a Deus, as minhas orações foram atendidas. (saem abraçadas)

sábado, 24 de abril de 2010

Concordância verbal

EXERCICIOS RESOLVIDOS!!! Bom estudo!



1 – (UFPR) – Observe a concordância verbal:

1 – Algum de vós conseguirei a bolsa de estudo?

2 – Sei que pelo menos um terço dos jogadores estavam dentro do campo naquela hora.

3 – Os Estados Unidos são um país muito rico.

4 – No relógio do Largo da Matriz bateu cinco horas: era o sinal esperado.

a) Somente a frase 1 está errada.

b) Somente a frase 2 está errada.

c) As frases 2 e 3 estão erradas.

d) As frases 1 e 4 estão erradas.

e) As frases 2 e 4 estão erradas.

Resposta: D


Quais de vós, quantos de nós, alguns de nós, etc. admitem as seguintes concordâncias: o verbo concorda com o pronome indefinido ou interrogativo, ficando na 3ª pessoa do plural ou concorda com o pronome pessoal. Porém, se o pronome estiver no singular o verbo ficará na 3ª pessoa do singular.


Na indicação de horas o verbo bater concorda com o número de horas, que normalmente é o sujeito. O verbo bater pode ter outra palavra como sujeito, com a qual deve concordar.

2 – (UEPG – PR) - Assinale a alternativa incorreta, segundo a norma gramatical:

a) Os Estados Unidos, em 1941, declararam guerra à Alemanha.

b) Aqueles casais parecia viverem felizes.

c) Cancelamos o passeio, haja visto o mau tempo.

d) Mais de um dos candidatos se cumprimentaram.

e) Não tínhamos visto as crianças que faziam oito anos.
Resposta: C

Ocorrem as seguintes concordâncias: a expressão haja vista fica invariável quando equivalente a atente-se; por exemplo.


O verbo haver varia quando equivale a vejam-se.


3 – (UFCE) – Como a frase “fui eu quem fez o casamento”, também estão corretos os períodos abaixo:


1. Fui eu que fiz o casamento.

2. Foi eu quem fez o casamento.

4. Fui eu que fez o casamento.

8. Foste tu que fizeste o casamento.

16. Foste tu quem fez o casamento.

32. Fostes vós que fez o casamento.

64. Fostes vós quem fez o casamento.


Resposta: 89
Quando o sujeito for o pronome relativo QUEM o verbo fica na 3ª pessoa do singular ou concorda com o antecedente. Se o sujeito for o pronome relativo QUE o verbo concorda com o antecedente.


4 – (CESGRANRIO) – Há concordância inadequada em:
a) clima e terras desconhecidas.

b) clima e terra desconhecidos.

c) terras e clima desconhecidas.

d) terras e clima desconhecido.

e) terras e clima desconhecidos.


Resposta: C

O adjetivo posposto a dois ou mais substantivos há duas concordâncias:

O adjetivo concorda com o mais próximo ou vai para o plural. Se os gêneros são diferentes, prevalece o masculino.

5 – (UEPG – PR) – Marque a frase absolutamente inaceitável, do ponto de vista da concordância nominal:


a) É necessária paciência.

b) Não é bonito ofendermos aos outros.

c) É bom bebermos cerveja.

d) Não é permitido presença de estranhos.

e) Água de Melissa é ótimo para os nervos.


Resposta: A

Há duas concordâncias para as expressões é bom, é necessário, etc.:

- fica invariável, portanto no masculino, se o sujeito não vem precedido de artigo ou outro elemento determinante. Se vier precedido de artigo ou elemento determinante concorda com o sujeito.


6 – (CESCEM – SP) – Já ... anos, ... neste local árvores e flores. Hoje, só ... ervas daninhas.
a) fazem/havia/existe

b) fazem/havia/existe

c) fazem/haviam/existem

d) faz/havia/existem

e) faz/havia/existe


Resposta: D
Haver/fazer são verbos impessoais. São empregados apenas na 3ª pessoa do singular. Haver (sentido de existir, ocorrer) e o verbo Fazer (na indicação de tempo). Existir é pessoal e concorda normalmente com o sujeito.


7 – (UFPR) – Qual a alternativa em que as formas dos verbos bater, consertar e haver nas frases abaixo, são usadas na concordância correta?


- As aulas começam quando ... oito horas.

- Nessa loja ... relógios de parede.

- Ontem ... ótimos programas na televisão.

a) batem – consertam-se – houve

b) bate – consertam-se – havia

c) bateram – conserta-se – houveram

d) batiam – conserta-se-ão – haverá

e) batem – consertarei – haviam

Resposta: A


Bater empregado com referência às horas concorda com o número de horas. Quando há sujeito, o verbo concorda com ele.


A partícula SE na segunda oração é apassivadora; concorda com o sujeito da oração.

O verbo haver, no sentido de existir, ocorrer, conjuga-se na 3ª pessoa do singular.
8 – (PUCCAMP – SP) – Se a altíssimo corresponde alto, a celebérrimo, libérrimo, crudelíssimo, humílimo, paupérrimo, respectivamente, há de corresponder:

a) célebre, líbero, cruel, úmido, pobre.

b) célebre, livre, cru, úmido, pobre.

c) célebre, livre, cruel, humilde, pau.

d) célebre, livre, cruel, humilde, pobre.

e) célebre, livre, cru, humilde, pobre.
Resposta: D
O superlativo absoluto expressa a qualidade de um ser, no seu grau mais elevado, sem comparação com outro ser. Nesta questão temos exemplos de superlativo absoluto sintético. É formado pelo radical do adjetivo + sufixo.
9 – (UFV-MG) – Em todos os itens o pronome SE é apassivador, EXCETO:
a) Sabe-se que ele é honesto.

b) Organizou-se, ontem, esta prova.

c) Não se deverá realizar mais a festa.

d) Nada mais se via.

e) Assistiu-se à cerimônia inteira.


Resposta: E
A oração E não pode ser passada para a voz passiva analítica, então, não pode ser pronome apassivador. O “SE” é índice de indeterminação do sujeito. Quem assistiu à cerimônia? Não sabemos quem é o sujeito.

10 – (PUCCAMP-SP) – “Nunca chegará ao fim, por mais depressa que ande”.

A oração destacada é:
a) Subordinada adverbial causal.

b) Subordinada adverbial concessiva.

c) Subordinada adverbial condicional.

d) Subordinada adverbial consecutiva.

e) Subordinada adverbial comparativa.
Resposta: B


A Oração subordinada adverbial concessiva indica uma concessão às ações do verbo da oração principal, isto é, há uma contradição ou um fato inesperado.

11 – (UFPR) – Julieta ficou à janela na esperança de que Romeu voltasse.

A oração em destaque é:

a) subordinada substantiva subjetiva.

b) subordinada substantiva completiva nominal.

c) subordinada substantiva predicativa.

d) subordinada adverbial causal.

e) subordinada adjetiva explicativa.


Resposta: B

A oração subordinada substantiva completiva nominal funciona como complemento nominal de um substantivo, adjetivo ou advérbio da oração principal

sábado, 17 de abril de 2010

terça-feira, 6 de abril de 2010

EU - Paulo Tatit

A partir da música "EU" - Paulo Tatit, podemos trabalhar em sala de aula muitas atividades relacionadas a identidade do aluno, sua família (origem), os motivos que levaram a sua família vir morar naquela região, sua árvore genealógica.



Paulo Tatit - EU

Perguntei pra minha mãe
- Mãe, onde é que você nasceu?
Ela então me respondeu
Que nasceu em Curitiba
Mas que sua mãe que é minha avó
Era filha de um gaúcho
Que gostava de churrasco
E andava de bombacha
E trabalhava num rancho
E um dia bem cedinho
Foi caçar atrás do morro
Quando ouviu alguém gritando
- Socorro, socorro!
Era uma voz de mulher
Então o meu bisavô
Um gaúcho destemido
Foi correndo galopando
Imaginando o inimigo
E chegando no ranchinho
Já entrou de supetão
Derrubando tudo em volta
Com o seu facão na mão
Para o alívio da donzela
Que apontava estupefata
Para um saco de batata
Onde havia uma barata
E ele então se apaixonou
E marcaram casamento

Com churrasco e chimarrão
E tiveram seus três filhos
Minha avó e seus irmãos
E eu fico imaginando
Fico mesmo intrigao
Se não fosse uma barata
Ninguém teria gritado
Meu bisavô nada ouviria
E seguiria na caçada
Eu não teria bisavô, bisavó, avô, avó, pai, mãe
Eu não teria nada

Nem sequer existiria
Perguntei para meu pai
- Pai, onde é que você nasceu?
Ele então me respondeu
Que nasceu lá em Recife
Mas seu pai que é meu avô
Era filho de um baiano
Que viajava no sertão
E vendia coisas como
Roupa, panela e sabão
E que um dia foi caçado
Pelo bando do Lampião
Que achava que ele era
Da polícia, um espião
E se fez a confusão
E amarraram ele num pau
Pra matar depois do almoço
E ele então desesperado
Gritava "- Socorro!"
E uma moça apareceu
Bem no último instante
E gritou para aquele bando
- Esse rapaz é comerciante!
E com muita habilidade
Ela desfêz a confusão
E ele então deu-lhe um presente
Um vestido de algodão
E ela então se apaixonou
Se aquela moça esperta
Não tivesse ali passado
Ou se não se apaixonasse
Por aquele condenado
Eu não teria bisavô
Nem bisavó nem avô
Nem avó nem pai
Pra casar com minha mãe
Então eu não contaria
Esta estória familiar
Pois eu nem existiria
Pra poder cantar
Nem pra tocar violão